quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Quanto sou ?


Sou pedaço, um pouco de tudo,
sou metade de um inteiro nulo.
Um quarto crescente de uma noite vazia,
um raio de sol de uma luz fria.
Sou muito de muitos nadas,
um simples passeio no meio de tantas estradas,
um reflexo de um pequeno espelho,
a moldura de um quadro velho.
Fui grande quando era único,
agora sou único no meio dos grandes,
e no meio de tantos importantes
que pensam saber tudo, mas tudo sobre coisas desinteressantes.
Sou inverso de sentidos únicos,
sou antónimo de tantos sinónimos,
sou aresta de circunferências cúbicas.
Reticências de quatro pontos,
apenas mais um no meio de muitos.
Afinal sou qualquer coisa,
o vilão desses teus contos.

domingo, 5 de junho de 2011

Sonhos Permitidos


Certo dia sonhei ser feliz, ser capaz de ultrapassar tudo e todos para alcançar aquilo que sempre quis.
Penso a dormir enquanto sonho acordado de tudo aquilo que passei e do resto que me passa ao lado.
Prefiro sonhar, acreditar que sou um todo numa irrealidade vazia de completo encanto, respeitado e amado de forma incondicional, mas afinal não passa de um sonho, este sítio onde do nada se faz tanto.
Solitário, esquecido, uma alcateia de um lobo só, ali permaneço sentado.
Não é fácil ser diferente entre tantas igualdades.
Afinal, mais vale sonhar do que enfrentar realidades.
Desculpai se sou assim, mas prefiro estar feliz por estar errado.

sábado, 19 de março de 2011

a"DOR"ar


Perante horizontes sombrios,
mergulhando em sombras esquecidas,
relembrando palavras sentidas
duma passada paixão revivida
e deveras rendida a ilusões
da imensidão dum mundo de pura ficção.
Um amor de mentira,
de sentimentos discretos,
ela possuía meu coração guardado em espetos,
onde toda a sinfonia desvanecia numa maré sem águas,
que por mais que vazia, cobrira minhas mágoas em falsas alegrias.
Desespero por acordar para fugir deste tormento.
Para me esconder, para evitar aquilo que tem sido
e que não me sai do pensamento.
Isto magoa.............Então estou vivo.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Futuros Passados


Sinto-me esquecido por pessoas ainda não nascidas,
empurrado pela inocência de amanhã,
ultrapassado pela inteligência que um dia nascerá,
afinal quem sou hoje?
Noutro dia o futuro me dirá.
Tempos invertidos em relógios acertados,
momentos esquecidos ou nunca antes realizados.
Escrevo e desabafo neste presente congelado,
porque no futuro já eu estive e talvez lá estarei no passado.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Pureza

Puro é aquilo que se imagina,
aquilo que nos conforta,
tudo aquilo que nem sequer existe,
mas se não existe, então não importa.
Puro é aquilo que nos segura
enquanto nos descaímos
e que nos levanta do mal que perdura,
que nos fere arduamente,
perfurando qualquer tipo de armadura
e que nos tranquiliza sentimentalmente.
Pureza sem significado, sem valor, sem respeito,
pureza que magoa, que ignoro e eu desleixo.
Momentos como estes marcam-me,
coisas pequenas, mas de grande impacto,
então transforma-me em herói, porque de facto
sou tal e qual ao comum, estes sentimentos matam-me.