terça-feira, 16 de novembro de 2010

Coincidências Combinadas

Dois mundos paralelos em sentidos perpendiculares,
Duas pessoas caminhando num destino p´ra diferentes lugares,
Dois botões desabrocham em tempos similares,
Enquanto eu penso no que escrevo e nada me está a igualar.
Dois tempos infinitos num só lugar,
Duas conversas abstractas com o mesmo tema a separar,
Dois olhares desviados em simultâneo para o mar,
Enquanto eu digo que nesta vida nada me irá igualar.
Dois suspiros afogantes de diferentes respirares,
Duas caras sorridentes de alegrias diferentes,
Dois abraços sociais de desiguais patamares,
E mais uma vez eu digo que nada me irá igualar.
Dois sonhos relembrados num único acordar,
Duas lágrimas derramadas num só chorar,
Dois desgostos recordados num simples amar,
E torno a repetir que ninguém me irá superar.
Num mundo onde as coisas acontecem por acaso,
Num sistema limitado por mentes viciadas,
Aqui expresso a minha diferença sem qualquer tipo de embaraço,
Porque a vida é mesmo assim,
Cheia de coincidências combinadas.
E daqui para os meus amigos mando um forte abraço.

sábado, 23 de outubro de 2010

Sou aquele que...............te ama.

Sou aquele que...
Aparece e ninguém fica,
sou aquele por quem ninguém espera,
sou aquele por quem ninguém chama,
sou aquele que foi e já era.
Sou aquele que pensa que é,
sou aquele que tenta ser,
sou aquele que um dia será,
mas que ninguém irá ver.
Sou aquele que tem sempre algo a dar,
sou aquele que entretém,
sou aquele que nunca ocupa lugar,
mas também aquele que dá sem agradar
porque toda a gente já o tem.
Sou aquele que escreve para ser escutado,
sou aquele que fala para o além,
sou aquele que nunca é relembrado,
mas tenho quilo que ninguém tem,
o amor do meu precioso bem.
Fui, sou e serei
muita coisa nesta vida,
amo-te muito Cristina,
nunca te esquecerei.

domingo, 2 de maio de 2010

oıɹáɹʇuoC oɐ opunM ɯU

Cá estou eu no meu momento zen onde todas as coisas parecem mais turvas, onde certo e o errado parecem andar sempre de mãos dadas e mais uma vez pareço escrever sem pensar.
Escrevo o que sinto, percorrendo o enorme labirinto da minha cabeça tonta que por vezes me perco sem dar conta.
Encontrar a saída parece impossível, neste meu mundo fechado, bloqueado, sem fim nem inicio, onde todas as setas inimigas apontam para o precipício.
Paredes altas e escuras descrevem o relevo em torno de mim, um sítio onde as portas só abrem do lado de fora e o infinito circundante parece não ter fim.
Um lugar onde o poder da imaginação ultrapassa o sexto sentido e onde a ilusão me surpreende criando esperanças e mostrando-me caminhos quando tudo parecia perdido.
Evitando armadilhas psicológicas e emboscadas sentimentais, fugindo dos predadores irracionais, escapando por becos dimensionais, evitando maus olhares e memorias sombrias que por vezes frias congelam o pensamento nesta encruzilhada selvagem.
Por vezes o melhor caminho a percorrer é aquele que ninguém percorre.
I´M OUT

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Solidão Intransmissível (coffee break)

Sete e trinta e nove da tarde, um dia até agradável e lá estava eu no café. Sentado na mesa mais ao fundo, longe de olhares desconfiados como de quem rejeita a minha presença.
No outro canto encontrava-se um conhecido meu.
"-Olá, tudo bem?", disse eu, ele reage de ar surpreendido pensando para ele próprio, "mas de onde é que eu conheço aquele gajo?", criando um compasso de espera agonizante e deveras desconfortável enquanto eu passava por figura de parvo.
Aqueles seis segundos mais pareciam uma eternidade sem inicio e fim, era como tivesse uma ampulheta na mão a contar cada grão de areia que caía.
Então ele reage: "-Tudo bem?".
Nunca na vida tive um diálogo com duas frases que demorasse tanto tempo.
"-Um café cheio, por favor!", disse eu à empregada do café enquanto tirava um cigarro do maço.
Ali sentado pensando na vida, nas coisas boas e más que me acontecera. E quando digo más, são mesmo muito más, coisas incorrigíveis, coisas que nem o tempo curou, cicatrizes que ficaram marcadas na alma.
"Chega", pensei eu. "Porquê pensar sempre nisso?". Não há nada que possa fazer, o tempo só anda para a frente, sem recuar uma única fracção de segundo.
O passado é algo que não se pode mudar, mas é algo que nos ensina a nunca mais voltar a errar.
O tempo voava, nove horas batia o relógio. A noite já tinha caído. Já quase estava sozinho no café e tudo o que tinha feito foi pensar na vida.
"Bem, está na hora...", pensei eu. Levantei-me dirigindo-me para a saída aquando de repente lembrei-me que ainda não tinha pago o café. Voltei-me para trás, metendo a mão ao bolso à procura do dinheiro. Naquela altura os bolsos mais pareciam dois poços bem profundo isto porque eu temia não ter o suficiente para pagar, ou porque me tinha esquecido em casa ou porque tinha-o gasto em mais um maço de tabaco.
Felizmente o euro que tinha era suficiente para pagar.
Metendo o troco ao bolso, retiro o telemóvel, olho para ele com alguma ansiedade de ter alguma mensagem e NADA. NINGUÉM me ligava, ninguém me incomodava, era como nem sequer existisse. Naquele momento nunca me senti tão sozinho na minha vida. SOLITÁRIO mesmo. Tudo isto não só porque olhei para o telemóvel, mas sim pela ansiedade e desespero de ser alguém na vida, uma pessoa rodeada de outras pessoas, de pessoas que me transmitissem confiança, auto-estima, alegria e sobre tudo amor.
Sim, foi apenas um flash na minha cabeça sobre tudo isto, mas algo que nunca mais esqueceria.
Nunca uma simples ida ao café foi tão aterrorizante, mas pelo menos o café estava bom!