segunda-feira, 26 de abril de 2010

Solidão Intransmissível (coffee break)

Sete e trinta e nove da tarde, um dia até agradável e lá estava eu no café. Sentado na mesa mais ao fundo, longe de olhares desconfiados como de quem rejeita a minha presença.
No outro canto encontrava-se um conhecido meu.
"-Olá, tudo bem?", disse eu, ele reage de ar surpreendido pensando para ele próprio, "mas de onde é que eu conheço aquele gajo?", criando um compasso de espera agonizante e deveras desconfortável enquanto eu passava por figura de parvo.
Aqueles seis segundos mais pareciam uma eternidade sem inicio e fim, era como tivesse uma ampulheta na mão a contar cada grão de areia que caía.
Então ele reage: "-Tudo bem?".
Nunca na vida tive um diálogo com duas frases que demorasse tanto tempo.
"-Um café cheio, por favor!", disse eu à empregada do café enquanto tirava um cigarro do maço.
Ali sentado pensando na vida, nas coisas boas e más que me acontecera. E quando digo más, são mesmo muito más, coisas incorrigíveis, coisas que nem o tempo curou, cicatrizes que ficaram marcadas na alma.
"Chega", pensei eu. "Porquê pensar sempre nisso?". Não há nada que possa fazer, o tempo só anda para a frente, sem recuar uma única fracção de segundo.
O passado é algo que não se pode mudar, mas é algo que nos ensina a nunca mais voltar a errar.
O tempo voava, nove horas batia o relógio. A noite já tinha caído. Já quase estava sozinho no café e tudo o que tinha feito foi pensar na vida.
"Bem, está na hora...", pensei eu. Levantei-me dirigindo-me para a saída aquando de repente lembrei-me que ainda não tinha pago o café. Voltei-me para trás, metendo a mão ao bolso à procura do dinheiro. Naquela altura os bolsos mais pareciam dois poços bem profundo isto porque eu temia não ter o suficiente para pagar, ou porque me tinha esquecido em casa ou porque tinha-o gasto em mais um maço de tabaco.
Felizmente o euro que tinha era suficiente para pagar.
Metendo o troco ao bolso, retiro o telemóvel, olho para ele com alguma ansiedade de ter alguma mensagem e NADA. NINGUÉM me ligava, ninguém me incomodava, era como nem sequer existisse. Naquele momento nunca me senti tão sozinho na minha vida. SOLITÁRIO mesmo. Tudo isto não só porque olhei para o telemóvel, mas sim pela ansiedade e desespero de ser alguém na vida, uma pessoa rodeada de outras pessoas, de pessoas que me transmitissem confiança, auto-estima, alegria e sobre tudo amor.
Sim, foi apenas um flash na minha cabeça sobre tudo isto, mas algo que nunca mais esqueceria.
Nunca uma simples ida ao café foi tão aterrorizante, mas pelo menos o café estava bom!

2 comentários:

  1. Plantas-te o que andas a colher...
    Tudo pode ser reparado e penso que isso já está em processo...

    Fico feliz por ti e se bem-vindo a uma nova vida ;)

    Rising up :P


    Abraço forte amigo :)

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  2. andas te cmg na escola????!!!!! qual escola??
    quem es? nao te conheço e de onde es???

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